quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Você Tubo

Carta do Chefe Seattle




Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade.

A Carta


Como podeis comprar ou vender o céu, o calor do chão?

A idéia não tem sentido, para nós.
Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis comprá-los?
Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo.
Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a terra do seu nascimento, quando vão pervagar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: os gamos, os cavalos a majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e do homem, tudo pertence a uma só família.
Assim quando o Grande Chefe em Washingthon manda dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O grande Chefe manda dizer que nos reservará um sitio onde poderemos viver confortavelmente por nós mesmos.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Se for assim, vamos considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra, Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós
A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de lembrar vossos filhos que ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fases da vida do meu povo.
O marulhar das águas é a voz dos nossos ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede.
Levam as nossas canoas e alimentam as nossas crianças.
Se vendemos nossa terra a vós, deveis vos lembrar de ensinar a vossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.
Nós mesmos sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser, para eles, um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo que precisa.
A terra não é sua irmã, mas sua inimiga: depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar, deixa, atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa.
A cova de seus pais e a herança dos seus filhos, ele os esquece.
Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu, como coisas a serem compradas ou roubadas, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos.
E isso eu não compreendo.
Nosso modo de ser é completamente diferente do vosso.
A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho.
Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e, como tal, nada possa compreender.
Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio, paz.
Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto.
Talvez seja porque um selvagem, eu não possa compreender

O barulho serve apenas para insultar os ouvidos.

E que vida é essa onde o Homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento esfolando a superfície das águas nos lagos, ou a fragrância da brisa purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume das pinhas.
O ar é precioso para o homem vermelho.
Pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o Homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro.Mas se vos vendemos nossos terras, deveis lembrar que o ar é precioso para não, que o insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que nossos avós inspiraram ao primeiro choro foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.
Se vendemos nossa terra a vós, deveis conservá-la á parte, como sagrada, com um lugar onde mesmo o homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada palas flores dos bosques.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidimos a aceitá-la, farei uma condição: o homem branco terá que tratar os animais desta terra como fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de búfalos apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como fumegante cavalo de ferro posa ser mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos.
Que será do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecerem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo que acontece aos animais pode cada vez mais afetar os homens. Tudo está encaminhado.
Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a ele o que ensinamos aos nossos: que a terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a terra está cuspindo sobre si mesmo.
De uma coisa nós temos certeza: a terra não pertence ao homem branco: o homem branco é que pertence a terr. Disso nós temos certeza todas as coisas estão ligadas com o sangue que une uma família. Tudo está associado. O que fere a terra fere também os filhos da terra. O homem não tece a teia da vida. É antes um de seus fios. O que quer faça a essa teia, faz a si próprio.
Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como amigo não pode fugir a este destino comum.
Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos. Nós o veremos. De uma coisa sabemos que talvez o homem branco venha a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo DEUS. Podeis, pensar hoje que somente vós O possuis, como desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homem em sua compaixão é igual tanto para o homem branco quanto para o homem vermelho.
Esta terra é querida Dele, e ofender a terra é insultar o seu Criador.
Os brancos também passarão: talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocareis numa noite no meio de vossos excrementos.
Mas no vosso parecer, brilhareis alto, iluminados pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho.
Este destino é um mistério para nós.
Pois não compreendemos como será no dia em que o ultimo búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueadas por fios falantes. Onde está o matagal? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
O fim do viver é o inicio do sobreviver...

Inté mais...

Um comentário:

Jean disse...

QUANDO TODOS OS SERES HUMANOS TIVEREM A CONSCIÊNCIA DOS "HOMKENS VERMELHOS" NADA MAIS NA TERRA PERECERÁ. TUDO SERÁ TRANSFORMADO E VIVEREMOS EM PAZ!